Nossa Senhora da Boa Viagem
Disseram-me alguns amigos lá na Manhenha, no último fim-de-semana, que aquela festa – missa e procissão marítima – apenas se havia realizado uma vez: aquando da arriada do atuneiro Ponta da Ilha, há dezenas de anos.
Este atuneiro estava há anos na rampa da fábrica da baleia das A.B.R.Lda, no Cais – S. Roque do Pico, ver
https://www.facebook.com/photo.php? fbid= 4648127331169&set=a.4648030128739.181607.1532773477&type=
3&theater – fotos de Herberto Terra, já praticamente em inatividade e hoje nem sei o que lhe sucedeu.
Cruzeiro do Atlântico
Foi construído na Manhenha, fruto do espirito de iniciativa de um punhado de abnegados e entusiastas homens da Ponta da Ilha, aliás como sucedeu também no Calhau, com o Cruzeiro do Atlântico e um pouco por toda a ilha, nesses recuados anos das décadas de cinquenta e sessenta, quando a febre da pesca do Atum – pelo sistema de salto e vara – aqui chegou vinda dos Estados Unidos (San Diego?).
Manhenha (1981/82) - Fotografia de Herberto Terra
Voltando à Festa de Nª. Senhora da Boa Viagem poderemos classificá-la como uma festa que dimana naturalmente do povo da Manhenha: Mestres das 7 embarcações ali sediadas, a direção da sociedade Liga dos Amigos da Manhenha em conjugação com o Pároco da Piedade, P. Paulo Batista, que esteve coadjuvado pelo P. Herminio Mendes que também já ali paroquiou há anos atrás.
Para um evento se realizar são necessários três fatores: a ideia, a vontade e a aceitação (participação) daqueles a quem se destina.
Manuel de Sousa
Tudo isto esteve presente nos dias desta Festa em honra de Nª. Sª. da Boa Viagem – imagem restaurada a expensas do Sr. Manuel N. Sousa – com realce para o convívio de sábado no Salão da Liga dos Amigos e baile ao ar livre; no domingo a vertente religiosa esteve em relevo: missa e procissão marítima até à Ponta da Ilha e retorno ao Porto da Manhenha, embora, atendendo a que o “mar estava a correr” as embarcações de pesca tivessem de ser arriadas e varadas na grua da Lota, mas tudo decorreu com muita dignidade, respeito e excelente participação dos cristãos da Piedade, já que de todos os pontos da freguesia ali acorreram em grande número, não faltando, como é seu timbre, a participação musical da filarmónica “União Musical” da Piedade.
Como tudo mudou na Manhenha, desde esses recuados anos de meados do século passado, até há bem pouco tempo. As fotos de uns e doutros tempos são disso testemunha.
Está de parabéns toda a organização desta festa em honra de Nª. Sª. da Boa Viagem e esperamos que seja para continuar, para alegria e confraternização dos residentes e emigrantes que por estas semanas estivais aqui acorrem, como de resto também por todas as ilhas, em grande número, revivendo memórias e reencontrando amizades e familiares.
Um bem-haja à ideia da procissão marítima e que tenha sequência nos anos vindouros.
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